Moçambique como lugar de interrogação: a modernidade em Elísio Macamo e Severino Ngoenha é uma tentativa de procurar respostas para algumas questões que se apresentam quando pensamos dentro do escopo da ciência moderna a partir das periferias globais. Como fazer ciência sociais ignorando a historicidade destas disciplinas e os sentidos que incorporaram desde o seu surgimento e ao longo do processo de exploração colonial? O livro não pretende negar a possibilidade de desenvolvermos ciência de forma crítica a partir dos nossos lugares de fala ou tampouco negar a importância desta produção em nossos contextos. Pelo contrário, nos desafia a refletir sobre caminhos para esse pensar crítico e assume que do nosso lugar de fala, é fulcral que comecemos por interrogar alguns pressuspostos. Por isso, o nosso lugar é um excelente lugar para levantar velhos e novos questionamentos. O conceito de modernidade é exemplar para o tensionamento destas questões, porque traz à tona a dicotomia que historicamente separou colonizadores e colonizados, que é a dicotomia civilizado-selvagem, moderno-tradicional. Por detrás dele está a negociação da nossa igualdade. Refletí-lo, por isso, é uma forma de desconstruir roupagens que nunca nos couberam. O passeio através das obras de Elísio Macamo e Severino Ngoenha, autores de grande importância no pensamento social moçambicano, é uma forma de buscar algumas respostas para estas questões.
A perspicácia e fecundidade com as quais os autores se debruçam sobre a complexa relação que o continente africano estabelece com a modernidade é uma bela porta de entrada para refletirmos sobre o nosso lugar numa rede mais ampla de produção de conhecimento. Moçambique como lugar de interrogação: a modernidade em Elísio Macamo e Severino Ngoenha não é de forma alguma conclusivo, é uma busca. Mergulhar no pensamento destes autores é um convite para pensarmos nossos horizontes.